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Caminhada — 2

Humberto Werneck

A caminho do campus da Universidade Federal de Minas Gerais, nas proximidades da Pampulha, em Belo Horizonte, tento imaginar o poeta Carlos Drummond de Andrade por detrás de um balcão de farmácia, a indagar a um cliente se já foi atendido, ou a escalar uma escada para apanhar um medicamento nas prateleiras mais altas.
A cena, bem sei, jamais aconteceu – mas poderia ter acontecido, pois, para pasmo de muitos (a começar por ele mesmo, talvez), o poeta se formou em Farmácia. Por que não em Direito, me pergunto (e ainda não me respondo), como a quase totalidade dos jovens aspirantes à literatura de seu tempo?
Está tudo registrado numa pequena porém bem montada exposição da faculdade de Farmácia da UFMG, onde encontro, entre outras curiosidades, originais de provas feitas pelo aluno Carlos Drummond de Andrade. Bom aluno, fico sabendo.
A formatura, por alguma razão, foi no dia de Natal de 1925. Tão bizarro quanto isso foi o fato de ter sido Drummond o orador da turma, improvisado às pressas nessa função porque o colega que faria o discurso não pôde comparecer.

 

Carlos Drummond de Andrade vestindo a beca na formatura.

 

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