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Sabadoyle

Humberto Werneck

Não havia sábado em que Carlos Drummond de Andrade, no começo da tarde, não deixasse seu apartamento, na rua Conselheiro Lafaiete, e tomasse o rumo da rua Barão da Torre, em Ipanema. A pé – e, conforme pude eu mesmo constatar numa ocasião, calçando tênis, mas nem por isso dispensando o paletó.

Ali, no apartamento do bibliófilo Plínio Doyle, Drummond participava de reuniões de escritores (mas não só), encontros que a certa altura ganharam nome, posto por Raul Bopp, o poeta de Cobra Norato: Sabadoyle.

Drummond, contou-me Plínio Doyle, não saía de lá sem levar com ele algum volume encadernado de revistas não necessariamente literárias do começo do século xx, como Careta e Fon-Fon, muitas das quais, menino, terá lido em sua Itabira natal. Na semana seguinte, devolvia a encadernação, enriquecida com fichas de leitura datilografadas no capricho.

Na minha próxima visita à Fundação Casa de Ruy Barbosa, onde se acha conservado o acervo de Plínio Doyle, vou garimpar essas preciosidades drummondianas.

 

Reunião do Sabadoyle

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